sábado, 10 de dezembro de 2022

Parece que somos rijos que se farta, 

mas qualquer objecto tem uma existência maior. 


Sempre me fez confusão como a cafeteira do café continua indiferente às mãos que partiram.


Os sabonetes que adoravas ainda estão no armário a perfumar toalhas descoradas, suaves, servem melhor que as novas. 

Guardei a caixinha dos lenços de pano e a tua bracelete do relógio que perdeu as horas.

Encontrei as amêndoas que me irias dar na próxima Páscoa.

Os crisântemos renascidos ao Sol crescem alheios a ti.

O piporro de barro ainda dura mas já sem água da Pipa.

O pão, sem pisca de graça, pureza ou inocência, bolorento antes de ir à boca.

Contigo foi o tempo dos dias bonitos, 

agora o Natal, que ficou frio como é de época. 

Os cantes sem património, são escassos e fazem eco. 

O caminho do Sul perdeu o Norte.


E tu avó?


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