quinta-feira, 10 de abril de 2025
A morte da tua mãe não é comparável à morte do homem que amaste: é o prelúdio da tua morte. Porque foi a morte da criatura que te concebeu, carregou no ventre, vida dotada. E a tua carne é a carne dela, o teu sangue é o sangue dela, o teu corpo é a extensão do seu corpo: no momento em que ela morre, uma parte de ti ou o princípio de ti morre fisicamente, nem o cordão umbilical é cortado para te separar. Para adiar aquela morte que foi um prelúdio para a minha morte, então fiquei acordado. Para me manter acordado, mantive-a acordada, falei, falei. Eu disse a ela o que nunca tinha dito a ela e nunca diria a ninguém, minhas feridas, meus arrependimentos, minhas dúvidas, fardo precioso porém, como era a própria vida, eu disse a ela que apesar dessas feridas e arrependimentos e dúvidas, eu amava muito a vida. Fiquei tão feliz por nascer, e agradeci-lhe de joelhos por ter me dado à luz.
“Dedico o resto da minha vida a mim mesma, sem pressa ou desculpas. Não sei quanto será, mas quero gastá-lo em fidelidade a mim mesmo, sem permitir que nada corrompa a minha paz.
Permito-me abrir uma garrafa de vinho sem motivo, dou-me flores sem esperar ninguém, caminho sem olhar para trás. A felicidade surgiu quando parei de procurá-la nos outros e a encontrei em mim mesmo. A vida não se repete. E pretendo vivê-la.” Meryl Streep