Sobre isto de ser mãe,
tive dúvidas sobre se deveria de ser mãe ou não,
acabei por crescer meio sozinha,
a minha mãe foi uma mãe ocupada, esfriada e rigorosa.
Depois de mim veio a minha irmã Isabel, que morreu com meses, mais tarde foi o desgosto do desejado rapaz que não chegou a nascer.
Fui crescendo por ali, por sorte numa terra com muito céu,
entre avós, empregadas, colegas professoras, ou a mãe de alguma amiga,
tive ao longo da vida não um, mas vários modelos de referência de mãe,
que me moldaram como filha emprestada ocasional.
E eu na dúvida, entre ser e não ser, arrisco.
Não me lamentar do que poderia ter sido, essa é a pior das dores.
Fui por isso mãe de duas filhas desejadas,
E sou a mãe possível.
Apesar de,
e neste papel só aprendido sendo,
o que fizermos e o resultado, só o saberemos muito depois.
Dar conta do recado dos filhos, do trabalho, das casas e dos afins presentes ou ausentes,
não é tarefa que se consiga sem cometer erros.
>E nós??
O que resta da criança que nasceu,
parida à força,
que tarda em desabrochar,
da criança que sobreviveu?