Nas alturas mais complicadas da minha vida escrevo os melhores capítulos.

Não há passos perdidos.


sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

(...) tinha sido, apesar de todos os perigos, um prazer, uma felicidade, uma libertação. Sim, era melhor dirigir por si mesmo e com isso ficar reduzido a cacos ...do que ser sempre conduzido e dirigido pelos outros.
 Hermann Hesse

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

"Acho curriculum vitae uma coisa boba. Sei que os burocratas sem eles se sentiriam perdidos. Por amor aos burocratas e curiosos fiz uma concessão: coloquei o meu na minha homepage. Mas lhe dei um nome novo. Curriculum, em latim, quer dizer pista de corrida. Um curriculum vitae é, assim, uma enumeração dos lugares por onde se passou, na correria da vida. As coisas que eles registram não existem mais. O que é passado está morto. Assim, na minha homepage, ao invés de curriculum vitae eu escrevi curriculum mortis, porque eu não sou o meu passado. Eu sou o meu agora. De um pianista que vai iniciar o seu concerto não se espera que ele diga os nomes dos professores com quem estudou. Dele só se espera uma coisa: que se sente ao piano e toque.
No final de uma entrevista o entrevistador me fez a última pergunta: “Como é que o senhor se definiria?” Fui pego de surpresa. A resposta teria de ser curta. Lembrei-me da frase que o poeta Robert Frost escolheu para seu epitáfio: “Ele teve um caso de amor com a vida...” Encontrei minha definição em mim mesmo. Respondi: “Eu tenho um caso de amor com a vida...”
Uma professora me contou esta coisa deliciosa. Um inspetor visitava a escola. Numa sala ele viu, colados nas paredes, trabalhos dos alunos acerca de alguns dos meus livros infantis. Como que num desafio, ele perguntou à criançada: “E quem é Rubem Alves?” Um menininho respondeu: “O Rubem Alves é um homem que gosta de ipês-amarelos...” A resposta do menininho e deu grande felicidade. Ele sabia das coisas. As pessoas são o que elas amam. Descartes afirmou: “Penso, logo existo”. Eu inverto Descartes e digo: “Amo, logo existo”. Mas o menininho não sabia que sou um homem de muitos amores... Amo os ipês, mas amo também caminhar sozinho. Muitas pessoas levam seus cães a passear. Eu levo meus olhos a passear. E como eles gostam! Eles têm fome de ver. Encantam-se com tudo.
Escrever é minha grande alegria!...
Vejo e quero que os outros vejam comigo. Por isso escrevo. Faço fotografias com palavras. Diferentes dos filmes que exigem tempo para serem vistos, as fotografias são instantâneas. Minhas crônicas são fotografias. Escrevo para fazer ver. Uma das minhas alegrias são os e-mails que recebo de pessoas que me confessam haver aprendido o gozo da leitura lendo meus textos...
Não tenho medo da morte. O que sinto é tristeza. O mundo é muito bonito! Gostaria de ficar por aqui... Escrever é meu jeito de ficar por aqui. Cada texto é uma semente. Depois que eu for, elas ficarão. Quem sabe se transformarão em árvores! Torço para que sejam ipês-amarelos."
Ruben Alves

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

(...) como todos sabemos, o lugar a que voltamos nunca é o mesmo que tínhamos deixado.
____ORHAN PAMUK

domingo, 17 de janeiro de 2016

"Eu vou morrer... Sei que faltam poucos meses para o fim da minha experiência terrena...
O que faço? Eu desespero, entro em depressão, recuso a ideia da morte e finjo que a doença não existe?
Ou decido vencer a morte... Eu decido com a alma, porque só a alma e o coração me dão a inspiração para compor música como fiz durante 50 anos...
Faço brevemente as contas e, ao que me dizem os médicos, consi...go prever com um afastamento mínimo a data do meu falecimento e fixo a saída do meu novo e último trabalho para o 8 de Janeiro de 2016, o dia em que faço 69 anos.
Trabalho dia e noite, tenho tempo para compor, para aperfeiçoar, para interpretar, para gravar em estúdio e para fazer os vídeos... E faço o mais cedo possível, porque não quero que pelo meu rosto se possa vislumbrar a morte que, bastarda, está a ceifar no meu corpo sem que eu me possa defender...
Mas eu desafio-te, morte.... Foda-se se não te desafio!!!
Eu desafiei e ganhei o mundo fanático dos anos 70 com o orgulho da ambiguidade... Amei homens e mulheres, fui homem, mulher, extraterrestre e, no final, um corpo celeste.
O que podes tu, morte, contra a minha eternidade, a minha genialidade, a minha loucura, a minha criatividade, a minha música que viverá para sempre?
Eu sou Lázaro, dilacerado pelas cicatrizes, a morrer no corpo, mas viverei eternamente através da minha música!
Já vivi o suficiente para receber os votos de feliz aniversário ao qual pensei que não iria chegar, para ver publicado o meu álbum... Sobrevivi ao 8 de Janeiro... E tu, minha querida assassina, perdeste!
Pensa apenas que, se tu não tivesses batido na minha porta, as minhas obras seriam 24, seria bem sucedido nem que vivesse 100 anos, mas em vez disso, graças a ti, são 25!!!
Sabes... Eu vou ser livre como um pássaro!"

David Bowie

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

domingo, 10 de janeiro de 2016





Late in the Day (Sent) - Amaldus Clarin Nielsen (1893)
I DON'T KNOW WHERE I'M GOING FROM HERE BUT I PROMISE  IT WON'T BE BORING

sábado, 9 de janeiro de 2016

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Aprender a ver - habituar os olhos à calma, à paciência, a deixar que as coisas se aproximem de nós; aprender a adiar o juízo, a rodear e a abarcar o caso particular a partir de todos os lados.
Este é o primeiro ensino preliminar para o Espírito: não reagir imediatamente a um estímulo, mas sim controlar os instintos que põem obstáculos, que isolam.
Nietzsche - Crepúsculo dos Ídolos

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

" [...] A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o viajante se sentou na areia da praia e disse: “Não há mais que ver”, sabia que não era assim. O fim da viagem é apenas o começo doutra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na Primavera o que se vira no Verão, ver de dia o que se viu de noite, com sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já."
José Saramago
houve um tempo em que a minha janela se abria para um campo verde...


quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

As mulheres de origem celta eram criadas tão livremente como os homens. Era-lhes dado o direito de escolherem os seus parceiros, e nunca poderiam ser forçadas a... uma relação que não queriam. Eram ensinadas a trabalharem para que pudessem garantir o seu sustento, bem como eram excelentes amantes, donas de casas, mães e guerreiras.
Este texto tem origem desconhecida e surge como provável código de honra das mulheres celtas:

"Ama teu homem e segue-o, mas somente se ambos representarem um para o outro o que a Deusa Mãe ensinou: Amor, companheirismo e amizade.
Jamais permitas que algum homem te escravize. Tu nasceste livre para amar, e não para ser escrava.
Jamais permitas que o teu coração sofra em nome do amor. Amar é um ato de felicidade, porquê sofrer?
Jamais permitas que teus olhos derramem lágrimas por alguém que nunca te fará sorrir.
Jamais permitas que o uso do teu próprio corpo seja cerceado. O corpo é a morada do espírito, porquê mantê-lo aprisionado?
Jamais permitas que o teu nome seja pronunciado em vão por um homem cujo nome tu nem sequer sabes.
Jamais permitas que o teu tempo seja desperdiçado com alguém que nunca terá tempo para ti.
Jamais permitas ouvir gritos em teus ouvidos. O Amor é o único que pode falar mais alto.
Jamais permitas que paixões desenfreadas te trasportem de um mundo real para outro que nunca existiu.
Jamais permitas que outros sonhos se misturem com os teus, fazendo-os virar um grande pesadelo.
Jamais acredites que alguém possa voltar quando nunca esteve presente.
Jamais permitas que teu útero gere um filho que nunca terá um pai.
Jamais permitas viver na dependência de um homem como se tu tivesses nascido inválida.
Jamais te ponhas linda e maravilhosa a fim de esperar por um homem que não tem olhos para te admirar.
Jamais permitas que teus pés caminhem em direção a um homem que só vive fugindo de ti.
Jamais permitas que a dor, a tristeza, a solidão, o ódio, o ressentimento, o ciúme, o remorso e tudo aquilo que possa tirar o brilho dos teus olhos te dominem, fazendo arrefecer a força que existe em ti.
E, sobretudo, jamais permitas que tu mesma percas a dignidade de ser mulher."
"Todo o desenho é o resultado de uma deambulação do olhar do pintor e uma vez o desenho mostrado, o espectador deverá descobrir nele os itinerários que o pintor definiu.
Todo o olhar é selectivo. Frente a um conjunto de objectos. de acidentes ou de signos, ele apoia-se sobre os que já conhece.
O acto de ver organiza-se como uma leitura....
O olhar tem uma economia própria; identifica o que a sua experiência conhece e pôe de lado o que reconhece como alheio a esta.
Olhar o desenho é pôr o olhar à escuta das sonoridades de traço, do que ele diz, do que sugere, do que ele cala.
Na posição de escuta há mais disponibilidade, um deixar acontecer, uma postura que exige tempo. Não vai com pressas e é no vagar do espírito com que é olhado que um desenho poderá começar a cantar."

Júlio Pomar

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Algernon Talmage (British 1869-1939),The Mackerel Shawl, 1910


sábado, 2 de janeiro de 2016

(...) é muito difícil fazer um casal. Não basta as pessoas encontrarem-se, dormirem juntas, viveram juntas. É preciso outra coisa e isso é muito difícil de encontrar. Um entendimento tácito, um delight no outro, é muito difícil.
Vasco Pulido Valente

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016