Nas alturas mais complicadas da minha vida escrevo os melhores capítulos.

Não há passos perdidos.


domingo, 5 de maio de 2013

ANTÓNIO SALVADO, in DIFÍCIL PASSAGEM (1962)

É NOITE, MÃE 

As folhas já começam a cobrir 
o bosque, mãe, do teu outono puro... 
São tantas as palavras deste amor 
que presas os meus lábios retiveram 
pra colocar na tua face, mãe!... 

Continuamente o bosque se define 
em lividez de pântanos agora, 
e aviva sempre mais as desprendidas 
folhas que tornam minha dor maior. 
No chão do sangue que me deste, humilde 
e triste, as beijo. Um dia pra contigo 
terei sido cruel: a minha boca, 
em cada latejar do vento pelos ramos, 
procura, seca, o teu perdão imenso... 

É noite, mãe: aguardo, olhos fechados, 
que uma qualquer manhã me ressuscite!... 



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Óleo s/ tela: dónde reside el amor, por © Ingrid Tusell
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(LT)

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