
sábado, 28 de fevereiro de 2015
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
Há cidades cor de pérola onde as mulheres
existem velozmente. Onde
às vezes param, e são morosas
por dentro. Há cidades absolutas,
trabalhadas interiormente pelo pensamento
das mulheres.
Lugares límpidos e depois nocturnos,
vistos ao alto como um fogo antigo,
ou como um fogo juvenil.
Vistos fixamente abaixados nas águas
celestes.
Há lugares de um esplendor virgem,
com mulheres puras cujas mãos
estremecem. Mulheres que imaginam
num supremo silêncio, elevando-se
sobre as pancadas da minha arte interior.
Há cidades esquecidas pelas semanas fora.
Emoções onde vivo sem orelhas
nem dedos. Onde consumo
uma amizade bárbara. Um amor
levitante. Zona
que se refere aos meus dons desconhecidos.
Há fervorosas e leves cidades sob os arcos
pensadores. Para que algumas mulheres
sejam cândidas. Para que alguém
bata em mim no alto da noite e me diga
o terror de semanas desaparecidas.
Eu durmo no ar dessas cidades femininas
cujos espinhos e sangues me inspiram
o fundo da vida.
Nelas queimo o mês que me pertence.
A minha loucura, escada
sobre escada.
Mulheres que eu amo com um desespero
fulminante, a quem beijo os pés
supostos entre pensamento e movimento.
Cujo nome belo e sufocante digo com terror,
com alegria. Em que toco levemente
a boca brutal.
Há mulheres que colocam cidades doces
e formidáveis no espaço, dentro
de ténues pérolas.
Que racham a luz de alto a baixo
e criam uma insondável ilusão.
Dentro de minha idade, desde
a treva, de crime em crime - espero
a felicidade de loucas delicadas
mulheres.
Uma cidade voltada para dentro
do génio, aberta como uma boca
em cima do som.
Com estrelas secas.
Parada.
Subo as mulheres aos degraus.
Seus pedregulhos perante Deus.
É a vida futura tocando o sangue
de um amargo delírio.
Olho de cima a beleza genial
de sua cabeça
ardente: - E as altas cidades desenvolvem-se
no meu pensamento quente.
Herberto Helder
existem velozmente. Onde
às vezes param, e são morosas
por dentro. Há cidades absolutas,
trabalhadas interiormente pelo pensamento
das mulheres.
Lugares límpidos e depois nocturnos,
vistos ao alto como um fogo antigo,
ou como um fogo juvenil.
Vistos fixamente abaixados nas águas
celestes.
Há lugares de um esplendor virgem,
com mulheres puras cujas mãos
estremecem. Mulheres que imaginam
num supremo silêncio, elevando-se
sobre as pancadas da minha arte interior.
Há cidades esquecidas pelas semanas fora.
Emoções onde vivo sem orelhas
nem dedos. Onde consumo
uma amizade bárbara. Um amor
levitante. Zona
que se refere aos meus dons desconhecidos.
Há fervorosas e leves cidades sob os arcos
pensadores. Para que algumas mulheres
sejam cândidas. Para que alguém
bata em mim no alto da noite e me diga
o terror de semanas desaparecidas.
Eu durmo no ar dessas cidades femininas
cujos espinhos e sangues me inspiram
o fundo da vida.
Nelas queimo o mês que me pertence.
A minha loucura, escada
sobre escada.
Mulheres que eu amo com um desespero
fulminante, a quem beijo os pés
supostos entre pensamento e movimento.
Cujo nome belo e sufocante digo com terror,
com alegria. Em que toco levemente
a boca brutal.
Há mulheres que colocam cidades doces
e formidáveis no espaço, dentro
de ténues pérolas.
Que racham a luz de alto a baixo
e criam uma insondável ilusão.
Dentro de minha idade, desde
a treva, de crime em crime - espero
a felicidade de loucas delicadas
mulheres.
Uma cidade voltada para dentro
do génio, aberta como uma boca
em cima do som.
Com estrelas secas.
Parada.
Subo as mulheres aos degraus.
Seus pedregulhos perante Deus.
É a vida futura tocando o sangue
de um amargo delírio.
Olho de cima a beleza genial
de sua cabeça
ardente: - E as altas cidades desenvolvem-se
no meu pensamento quente.
Herberto Helder
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015
Não gostava de ver ninguém dormindo nos anos 80. Dormir era
um tipo de morte que
me tirava do sério e por isso
eu tinha 1 meta: levantar
da tumba quem dormia, isto é
-Acordar.
Na linguagem dos adultos. Na linguagem dos poetas
É qualquer coisa como um
Despertar.
Na linguagem das crianças é ressurreição e eu enfiava o dedo no rosto
da pessoa que dormia, funcionava bem, ela abria o olho e a boca,
dava pulo do sofá, da
cama, eu sorria, ria de felicidade pelo meu feito porque não dizer
Heroico, a pessoa
Despertava brava comigo mas como eu tinha no máximo 3
Anos, ninguém ficava verdadeiramente
bravo comigo, apesar de 1 vez eu ter levado um tapa na bunda do meu avô. Mas a família me defendia. Diziam:
- Ela não entende.
e até hoje eu continuo sem entender. não sei,
não faço ideia, olho pra`s coisas que a vida traz e só sei sentir a dúvida, a
confusão, um cansaço não de desistir, mas
de desistir por hoje. Como quando vejo um grupo de amigos conversando, um grupo de amigos falando bobagens cotidianas do tipo dietas, diabetes ou a terrível distância entre certos países,
eu escuto e continuo sem entender. Ainda e mesmo aos quase
trinta, eu me sinto inacreditavelmente estranha quando vejo
Alguém dormindo e eu não.
Penso na morte, penso
Na pessoa repousando no caixão, frágil depois do fim,
é impossível se ver dormindo tanto quanto é impossível se ver na própria morte, a morte
É o tentar acordar alguém e não conseguir.
O não conseguir, mas Seguir tentando é
Saudade.
um tipo de morte que
me tirava do sério e por isso
eu tinha 1 meta: levantar
da tumba quem dormia, isto é
-Acordar.
Na linguagem dos adultos. Na linguagem dos poetas
É qualquer coisa como um
Despertar.
Na linguagem das crianças é ressurreição e eu enfiava o dedo no rosto
da pessoa que dormia, funcionava bem, ela abria o olho e a boca,
dava pulo do sofá, da
cama, eu sorria, ria de felicidade pelo meu feito porque não dizer
Heroico, a pessoa
Despertava brava comigo mas como eu tinha no máximo 3
Anos, ninguém ficava verdadeiramente
bravo comigo, apesar de 1 vez eu ter levado um tapa na bunda do meu avô. Mas a família me defendia. Diziam:
- Ela não entende.
e até hoje eu continuo sem entender. não sei,
não faço ideia, olho pra`s coisas que a vida traz e só sei sentir a dúvida, a
confusão, um cansaço não de desistir, mas
de desistir por hoje. Como quando vejo um grupo de amigos conversando, um grupo de amigos falando bobagens cotidianas do tipo dietas, diabetes ou a terrível distância entre certos países,
eu escuto e continuo sem entender. Ainda e mesmo aos quase
trinta, eu me sinto inacreditavelmente estranha quando vejo
Alguém dormindo e eu não.
Penso na morte, penso
Na pessoa repousando no caixão, frágil depois do fim,
é impossível se ver dormindo tanto quanto é impossível se ver na própria morte, a morte
É o tentar acordar alguém e não conseguir.
O não conseguir, mas Seguir tentando é
Saudade.
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015
domingo, 15 de fevereiro de 2015
Respostas às tuas e às minhas perguntas
"Sê nómada.
Não tenhas medo de leões nem de professores de matemática.
Todos os dias come um pouco de sol e um pouco de verde.
Planta várias árvores.
Sobe às árvores mas não apoquentes os pássaros nos ninhos.
Deixa o sol entrar mesmo se tiveres de fechar os olhos.
Preserva a transparência e o silêncio.
Usa barbatanas porque debaixo de água podes voar.
Lê muitos livros e joga ping-pong.
Lê a Mafalda do Quino e o Corto do Pratt.
Embarca em todas as viagens dentro e fora do teu corpo.
Atenta nas cores do Outono. Novembro também é um mês bom.
Procura todos os dias uma pequena alegria e se não encontrares nenhuma dança.
Chora sem medo e em casos de incêndio.
Bebe chá sempre com companhia, pelo menos de um gato.
Se tiveres tempo tem um cão.
Podes comer chocolate todos os dias se tiver no mínimo 80% de cacau.
Aprende a gostar do vento, de favas e de ópera. São muitas as coisas de que não se gosta à primeira e há músicas antigas de que vais gostar muito mais.
Separam-nos quase quatro décadas e, quando tiveres a minha idade, se eu ainda existir, não te esqueças de me contar o que sentes dentro do corpo, à flor da pele e debaixo dos pés, sempre que ouves os Verdes Anos na guitarra do Carlos Paredes.
Não abuses de ti nem de ninguém.
Descobre o significado íntimo das palavras.
Tenta aprender todas as línguas do mundo.
Sê estrangeiro de ti.
Sê tenaz no amor mas não insistas no amor nos corações errados.
Sê o que quiseres, com a condição de seres feliz.
Por definição desliga a televisão.
Tem noção que não precisas de matar para viver, basta plantar e semear, todavia treina e mantém afinada a pontaria.
Respeita a lentidão das lesmas.
Experimenta pintar, e se como eu fores mesmo mau mas te der prazer, pinta e está-te nas tintas para os outros e para o resultado.
Como regra: não percas tempo, anda depressa mas respira devagar.
Percebe, a cada segundo, a velocidade a que bate o teu coração.
Guarda que a única coisa que é para sempre é morrer.
Urgente é apenas a alegria, o amor e a ferida.
Diz que não gostas quando não gostas.
Nunca te esqueças da delicadeza e que uma pedra é uma pedra é uma pedra.
Olha que a esperança nem sempre é uma menina de confiança e desistir pode ser uma grande vitória.
Evita viver a crédito, não te permitas ser refém de meros objectos e grava, escreve na mão para lembrar, tatua se necessário, que não há coisa de maior preço do que o teu tempo.
Procura a companhia dos teus poetas preferidos.
Faz amigos sob a condição do encanto e da ternura.
Não acredites em muitas coisas inexplicáveis.
Desculpa as asneiras dos teus pais, tu sabes mais.
E espero, eu sentada à tua espera, que nunca falte aos dias dos meus olhos o barulho do teu sorriso."
sábado, 14 de fevereiro de 2015
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015
domingo, 8 de fevereiro de 2015
sábado, 7 de fevereiro de 2015
Vicente Mais ou Menos de Souza: os meus leitores
Vicente Mais ou Menos de Souza: os meus leitores: Eu acho que os leitores das minhas prosas ou versos, nunca interpretarão o seu conteúdo da mesma maneira como eu as escrevi ou senti. E ...
Uma Casa na Pradaria - A minha ideia de Felicidade
"Não é a casa que nos abriga. Nós é que abrigamos a casa, pois é a ternura que sustenta o tecto."
Mia Couto.
Mia Couto.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015
o fim da inocência
"Recuerdo las cosas más curiosas de mi infancia a principios de los ochenta. No me preguntes por los afluentes más importantes de la Península, ni por las ecuaciones de segundo grado, ni por las Coplas a la muerte de su padre de Jorge Manrique. En cambio, recuerdo el intenso sabor del ColaJet de limón, la rugosidad de las costras en mis rodillas, la barriga de John Wayne en los westerns de Primera Sesión, la ansiedad por conseguir chapas que no estuvieran dobladas o la alegría de ver a Santillana marcar un gol. Recuerdo la manera exacta en que el aliento de mi padre olía a Soberano; y la frase favorita de mi madre: "¿Te crees que soy el bancospaña?". Recuerdo que la felicidad era el primer mordisco del dónut en el recreo de las once. Quizá recuerdo todas esas cosas porque están entrelazadas con el momento en el que descubrí por fin toda la verdad sobre las mentiras de mi familia."
A tarde despedaçou-se
e nunca houve outro anseio
senão esta claridade sem sol,
a lenta supressão de uma morada.
Espiamos as naves que se soletram...
a ouvido nenhum,
tocando um do outro
os dedos mais
sinceros.
Estamos prontos para singrar
na noite do nosso
desassossego.
e nunca houve outro anseio
senão esta claridade sem sol,
a lenta supressão de uma morada.
Espiamos as naves que se soletram...
a ouvido nenhum,
tocando um do outro
os dedos mais
sinceros.
Estamos prontos para singrar
na noite do nosso
desassossego.
Vasco Gato
[in Napule, Tea for One, 2011]
[in Napule, Tea for One, 2011]
terça-feira, 3 de fevereiro de 2015
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
domingo, 1 de fevereiro de 2015
são poucas as palavras que nos doem de verdade
"..No fim de contas são poucas as palavras
que nos doem de verdade, e muito poucas
as que conseguem alegrar a alma....
E são também muito poucas as pessoas
que nos fazem bater o coração, e menos
ainda com o correr do tempo.
No fim de contas, são pouquíssimas as coisas
que na verdade importam nesta vida:
poder amar alguém e ser amado,
não morrer depois dos nossos filhos..."
"..No fim de contas são poucas as palavras
que nos doem de verdade, e muito poucas
as que conseguem alegrar a alma....
E são também muito poucas as pessoas
que nos fazem bater o coração, e menos
ainda com o correr do tempo.
No fim de contas, são pouquíssimas as coisas
que na verdade importam nesta vida:
poder amar alguém e ser amado,
não morrer depois dos nossos filhos..."
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