Nas alturas mais complicadas da minha vida escrevo os melhores capítulos.

Não há passos perdidos.


quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Não gostava de ver ninguém dormindo nos anos 80. Dormir era
um tipo de morte que
me tirava do sério e por isso
eu tinha 1 meta: levantar
da tumba quem dormia, isto é
-Acordar.
Na linguagem dos adultos. Na linguagem dos poetas
É qualquer coisa como um
Despertar.
Na linguagem das crianças é ressurreição e eu enfiava o dedo no rosto
da pessoa que dormia, funcionava bem, ela abria o olho e a boca,
dava pulo do sofá, da
cama, eu sorria, ria de felicidade pelo meu feito porque não dizer
Heroico, a pessoa
Despertava brava comigo mas como eu tinha no máximo 3
Anos, ninguém ficava verdadeiramente
bravo comigo, apesar de 1 vez eu ter levado um tapa na bunda do meu avô. Mas a família me defendia. Diziam:
- Ela não entende.
e até hoje eu continuo sem entender. não sei,
não faço ideia, olho pra`s coisas que a vida traz e só sei sentir a dúvida, a
confusão, um cansaço não de desistir, mas
de desistir por hoje. Como quando vejo um grupo de amigos conversando, um grupo de amigos falando bobagens cotidianas do tipo dietas, diabetes ou a terrível distância entre certos países,
eu escuto e continuo sem entender. Ainda e mesmo aos quase
trinta, eu me sinto inacreditavelmente estranha quando vejo
Alguém dormindo e eu não.
Penso na morte, penso
Na pessoa repousando no caixão, frágil depois do fim,
é impossível se ver dormindo tanto quanto é impossível se ver na própria morte, a morte
É o tentar acordar alguém e não conseguir.
O não conseguir, mas Seguir tentando é
Saudade.

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