Nas alturas mais complicadas da minha vida escrevo os melhores capítulos.

Não há passos perdidos.


sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

"E será sempre o mesmo sonho, a mesma ausência". 

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Os amigos não morrem: andam por aí, entram por nós dentro quando menos se espera e então tudo muda: desarrumam o passado, desarrumam o presente, instalam-se com um sorriso num canto nosso e é como se nunca tivessem partido. É como, não: nunca partiram.
António Lobo Antunes

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

kate con - what you told me

"põe nos meus os teus dedos... apaguemos de nossas casas o barulho do tempo que ardeu sem luz. sim, cria comigo esse silêncio que nos faz nus e em nós acende o lume das árvores de fruto. diz-me que há ainda versos por escrever, que sobra no mundo um dizer ainda puro.”
Vasco Gato

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Guardei Veneza


Morte em Veneza e em Beleza

Porque tem o Belo em cada instante
A época e a Luz que pintava Sorolla
A Música de Mahler
e todos os sentimentos
pureza, sofrimento
e o encantamento
no fundo nos encantamos de verdade tão poucas vezes.

Death in Venice-Gustav Mahler- Adagietto (from Symphony N°5)

e o tempo urge.
é tremendo quando o passado nos bate à porta...
e as pernas ainda nos tremem.
e temos saudades de tudo, até de quem fomos para quem nos olhou um dia devagar.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

sábado, 18 de janeiro de 2020

muito poucos fazem o coração bater


Entretanto a princesa salvou-se sozinha

Muitos anos depois na mesma mesa
já nem o empregado reconheço
café com água
que o pastel demora
ainda assim aguardo
o pastel e a companhia
às nove da manhã não há amigos
quem me manda não andar com relógio.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Os sentimentos são paisagens áridas, imprecisas, tremeluzentes, desconfortáveis. Dito isto, poderia fechar a porta, correr as grades, trancar o cadeado, dar a loja por encerrada, sem previsões de reabertura. Fechados lá dentro, os sentimentos, bem, seria como se não existissem. Talvez morressem, se desidratassem, se pulverizassem, talvez deles restasse apenas uma mancha de gordura no chão. Em qualquer caso, emudeceriam. Ou não seriam escutados, o que vem a dar ao mesmo. Nunca contemplei esta hipótese por mais de cinco minutos – certamente, nem tanto. Não consigo. Não sei. Julgo que, no fundo, é o que menos quero. E que essa é a raiz da minha resistência. Crónica e aguda. Os sentimentos são onde sei viver, onde me sinto menos morto. Os sentimentos sou eu. Os melhores. Os piores. O beijo. A bala. (Ou vice-versa). Todos os nomes da intranquilidade. Miguel Martins, Fine, in Lérias, 2011.
Al hombre se le puede arrebatar todo salvo una cosa: la última de las libertades humanas —―la elección de la actitud personal que debe adoptar frente al destino—― para decidir su propio camino“.
Viktor Frankl
"Aprendí que no se puede dar marcha atrás, que la esencia de la vida es ir hacia adelante. La vida, en realidad, es una calle de sentido único."
Agatha Christie

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Ahora solo
nos queda
comprobar
hasta qué punto
fuimos sinceros
con nosotros
mismos.

a Luz não tem sombra

A imagem pode conter: noite
“A música não cura as nossas dores, mas nos transporta para um lugar onde as dores não existem”.
Clara Dawn
A imagem pode conter: uma ou mais pessoas

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

"Ninguno de los libros de este mundo
Te aportará la felicidad,
Pero secretamente te devuelven
A ti mismo.
Allí está todo lo que necesitas,
Sol, luna y estrellas,
Pues la luz que reclamas
Habita en tu interior".
Hermann Hesse
A imagem pode conter: possível texto que diz "Uma razão para o fazeres Se não acorreres ao local, nunca poderás saber se quem grita por socorro o quer receber ou dar."
"Siempre le dije lo que soy, siempre. Y si no lo hubiese sabido por mí, lo supiera por la gente, y si ni esto hubiese sabido, con leerme un poco habría comprendido que soy la más desconcertante mezcla de dulzura y de dureza, de ternura y de grosería".
Gabriela Mistral

domingo, 12 de janeiro de 2020

"Fácil é dar um beijo. Difícil é entregar a alma. Sinceramente, por inteiro.

"Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida. Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como és e te fazer feliz por inteiro.

Fácil é ocupar um lugar na tua lista telefónica. Difícil é ocupar o coração de alguém. Saber que se é realmente amado.

Fácil é sonhar todas as noites. Difícil é lutar por um sonho.

Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar. Difícil é mentir para o nosso coração.

Fácil é ver o que queremos enxergar. Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto. Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.

Fácil é dizer "olá" ou "como estás"? Difícil é dizer "adeus". Principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas.

Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados. Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.

Fácil é querer ser amado. Difícil é amar completamente. Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar. E aprender a dar valor somente a quem te ama.

Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem a sua opinião. Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente sentimos.”

[Carlos Drummond de Andrade]

Eugénio de Andrade

“Quando o amor nos habita tudo se torna sagrado. Não há “Terra Santa”, há uma maneira santa de caminhar sobre a terra. Alguns lugares chamados de Terra Santa são algumas vezes pisoteados por homens e mulheres agressivos que os destroem. É a nossa maneira de habitar nossa casa que faz dela um templo. É nossa maneira de amar no nosso leito que faz dele um lugar sagrado, o Santo dos Santos”

~ Jean-Yves Leloup, Uma Arte de Amar para os Nossos Tempos. O Cântico dos Cânticos

sábado, 11 de janeiro de 2020

Campo que não é de Ourique
Baguete que não é poesia
Cogumelo que não é trufa
Nem aquece
Desligado
Como o ano em espelho que não é novo
Familias de montra em desfile falsificado
Sorrisos monolisos
Valeu me o risotto que era aproximado
Se as árvores falassem...
diriam que já por aqui passou
céu bem mais azul e gente mais de verdade.

RG 2020
A imagem pode conter: árvore, céu, planta, ar livre e natureza

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

"Cuando piensas o crees o sabes, eres un montón de otra gente; cuando sientes, no eres nadie que no seas tú".
E.E. Cummings

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

David Bowie - Heroes (live)

UM POSTAL DO DIA DIFERENTE
Amar um filho não distingue ninguém
Antes da droga entrar em força nas grandes cidades, o Dragão era o rei dos bandidos do Casal Ventoso. Na escola primária o Miranda falava-nos dele, do que era capaz, da forma como despachara quatro ou cinco com requintes de malvadez, do bom que era para os seus amigos, do preço que levava para matar, do que amava os filhos a quem nada faltava. Impressionaram-me as histórias míticas do Dragão, nunca percebi se eram verdadeiras, sei que numa noite de infância, a minha mãe e avó fecharam as persianas e pediram-me silêncio. Tive tempo de ver vários carros da polícia descerem a Rua Correia Teles a caminho do bairro onde ninguém entrava. Os meus amigos do Casal juravam-me que havia túneis onde se escondiam os que a polícia procurava, recordo-me de ter pensado que o Dragão não seria apanhado.
Estávamos seguros em casa. A polícia a subir e a descer e nós fechados, mas à escuta. O Dragão morreria nessa noite de finais da década de 1970. Um assassino implacável que amava os filhos e, ao que se diz, o responsável pela entrada da heroína no bairro que viria a ser o da droga.
Acompanhou-me a juventude. Fez-me pensar. E imaginar. O Dragão foi um livro de aventuras que os colegas de escola, os que os puderam ver, levavam para as conversas como uma manilha de trunfo. Apesar de morto o seu nome continuava a provocar respeito e pavor.
Esta é a memória que me faz sorrir quando amigos ou conhecidos me definem como um bom pai. Muito agradecido, mas pouco ou nada significa, é o mínimo. Porque o amor é uma palavra incondicional – o exercício de amar, mesmo nas suas formas mais bizarras, não é um exclusivo das “boas” pessoas, sensíveis, bondosas, altruístas. Mesmo um carniceiro, mesmo o Dragão, falho de moral, mesmo o mais feroz assassino na fronteira da demência, tem alguém a quem quer muito, alguém a quem diz, mesmo para si, «amo-te!». Não é uma palavra que distinga. Quando se ama um filho não é um sentimento maior, é apenas uma manifestação de animalidade. Amar só é realmente maior quando se é capaz de o fazer em relação a uma abstração. Em relação aos outros, ao mundo e até ao que não se compreende. Esse amor é despojamento e humildade. Está ao alcance dos tolos ou dos anjos. Não está tanto ao nosso alcance, embora possamos tentá-lo.
Foi-se o Dragão e vieram outros.
O Ata.
Que conheci na adolescência. Gostava da minha avó Joaquina, cumprimentava-a na rua. Revoltou-se quando alguém lhe roubou a carteira na praça. A avó chorou e eu com ela. Guardara a reforma num envelope e aproveitara para ir comprar peixe e fruta, nada lhe ficara. Chegou aos ouvidos do Ata e o dinheiro veio-lhe devolvido com envelope e tudo, não sei como o fez e as consequências. Melhor não saber.
Não foi tão mítico como o Dragão, mas por ele também fechámos as persianas. Estávamos ainda de televisão ligada na companhia da Dona Germana e da Dona Maria (que ocupavam quase sempre o sofá aos serões), quando ouvimos vários tiros seguidos e os pneus e motor de um carro a darem de si.
Janela encerrada e depois aberta. E um homem no chão na rua a seguir à nossa, na esquina da Correia Teles com a Sampaio Bruno. O Ata. Que apesar de ter sido baleado com sete ou oito chumbadas não morreria. Voltou ao ativo e a avó tranquilizou-se.
Um dia escreverei sobre as minhas três casas. Sobre esta em particular. Ainda não é o tempo. Acredito que alguém que viveu sempre na mesma e nunca mudou de emprego tem uma vantagem. De si deixou decerto menos pelo caminho. Sofreu mortes, com certeza. Acabou amizades ou viu filhos seguir numa outra estrada, certamente. Mas nunca perdeu o rasto de si próprio – nas manhãs passa pelo mesmo corredor de infância, pela sala onde a mãe lhe preparava fruta esmagada, pelo quarto onde sofreu pela primeira vez de amor. E no escritório ou na fábrica reconstituirá, passo a passo, os seus diferentes momentos. Alguém assim, se for insatisfeito, poderá fazer contas e concluir que deveria ter aberto horizontes, mas tem a vantagem de não ter deixado parte de si nas casas que abandonou ou nos empregos a que virou costas. Faço um esforço para não esquecer o que de mim se perdeu. Coisas que desapareceram. A capacidade de sorrir da juventude ficou numa casa de Campo de Ourique, tenho a certeza. Talvez passe por lá e bata à porta. Talvez o que me falta esteja à vista.
Memórias.
Minhas, claras. Que espero ajudem a convocar algumas das suas. Porque por muito que nos esforcemos não podemos esquecer quem amámos. Ou nos deixou uma marca amarga. Amigos e bem-intencionados abraçam-nos com essa absurda ideia e nós, quando estamos do outro lado, fazemos o mesmo: tens de esquecer e seguir em frente. Como se fosse possível. À próxima pessoa que precisar da minha amizade, e julgar que se pode deixar de lembrar, dir-lhe-ei para construir um museu na sua memória. Um museu que poderá visitar sempre que quiser, como se caminhasse no Prado ou no Louvre. Sim, uma boa ideia. Não querer esquecer quem se amou. Ou detestou. Mas plantá-los num museu dentro do que somos. E voltar a viver.
LO

“Créeme, no hay gran dolor, grandes arrepentimientos, grandes recuerdos. Todo se olvida, incluso los grandes amores. Esto es lo que existe a la vez triste y exaltador en la vida. Hay solo cierta manera de ver las cosas, que surge de vez en cuando. Por esto es bueno a pesar de todo haber tenido un gran amor, una pasión desgraciada en su vida. Esto constituye por lo menos una coartada para las desesperaciones sin razón que nos agobian”.
"La muerte feliz", Albert Camus

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

domingo, 5 de janeiro de 2020

Alpha - Sometime Later

No comboio multicor sobre carris ferozes e azuis
que há mil anos dá a volta ao mundo
sou eu o homem que viaja nu porque eu sou
o arco-íris e a rosa no trapézio
e tu toda a paisagem que atravesso
como se fosse de bicicleta
como se fosse sílaba a sílaba
a primeira frase da terra
tu com as tuas luvas de amianto ao lado do vulcão
com a tua máscara de olhar a aurora boreal
de me olhares para sempre nua eu a tempestade
de coração a coração

antónio josé forte
"O amor é mais falado do que vivido. Vivemos um tempo de secreta angústia. Filosoficamente a angústia é o sentimento do nada. O corpo se inquieta e a alma sufoca."
Zygmunt Bauman
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sábado, 4 de janeiro de 2020

Cais do Sodré 2020

- Señora, su pizza está lista!
diz um dos turistas já irritado por eu não virar a cabeça nem responder ao chamado.

Isto de ser jovem velha e velha jovem não me fez sentir nem ouvir que era para mim.

A pintar livros de colorir para maiores.
Retalhos de Amadeos com as cores de Sarah Affonso, que gostava das cores de Matisse.

Discussão na mesa do lado entre os três Sul Americanos. Ela incisiva como todas em qualquer parte.
Falam da importância portuguesa, francesa e espanhola na colonização.
Concluem de comum acordo: Portugal es bueno!
Menos mal.
A pizza menos bem que não acompanhou o vinho. E eram mais 5 sem partilha!
Estas resoluções de inicio de época anulam o pedido de maus avanços.
Fazer como se nunca: Dietas e Amor.
Mesmo assim...
A Señora vê os avanços dos amantes.
Que finjem não me ver, que finjo não os ver.
O amadurecimento dos sentidos sintonizam o critério das faculdades.
Calo.
Quase adormeço solarenga.
Já só oiço
gaivotas
barcos no Tejo
e os acordes de samba brasileiro
no entardecer do rio.

o amor será eterno novamente, diz o cantor.

RG

  
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Não despertes o que não podes calar

"(...) Melhor ainda, há silêncios que dão banda sonora a olhares que, de tão dentro que olham, se escutam e entrelaçam (para lá das palavras). (...) Mas era, principalmente, dos silêncios-ruído de que me falava (...)".

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

2020

Sabe o que é o encanto?
É ouvir um sim como resposta sem ter perguntado nada.
Albert Camus
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