“Estás a ouvir? — perguntou o Principezinho. — Acordámos o poço, e ele pôs-se a cantar…”
Não se espera que existam poços num deserto.
O pequeno herói de Saint-Exupéry, porém, garante: “O que torna belo um deserto é que ele esconde um poço em algum lugar”. Resmungamos com a vida. Falta-lhe algo; nunca nada é perfeito, nada está acabado ou resolvido. É como se estivéssemos a jogar um jogo insolúvel: se temos o poço, falta-nos a corda; se temos a corda, falta-nos o balde; se temos a corda, o balde e o poço, falta-nos a força de ir até ao fundo da nascente buscar a água que nos dessedenta.
“O Principezinho” declara que não nos falta nada. Cada um de nós tem tudo o que precisa para experimentar a alegria. Não é um problema de conhecimento, é uma questão de olhar. Olhar para o que somos e para o que nos rodeia com um coração simples, capaz de perceber o dom que nos habita. Pois, se encostarmos o ouvido, mesmo junto das nossas maiores derrotas, compreenderemos que a nossa vida canta! — Cardeal D. José Tolentino Mendonça©
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