Nesta rua sei que está.
Anda a pregar rua fora.
Deixou o carro engalanado que nos leva aos céus, estacionado aqui à porta até ao próximo da fila.
Enquanto isso eu é vinho e chamuças antes que.
Será que ainda tenho tempo de ler os livros?
O papel pesa, mas mais senão for lido.
E saborear leva tempo.
Nas mesas do lado mulheres isoladas em zigzag escrevem.
O cozinheiro pujante pergunta-me se estava tudo bom.
Como dizer-lhe que as malaguetas cresceram ao rubro na minha boca, desentupiram canais que nem eu sabia que existiam e agora é respirar.
Matam o bicho certamente.
Entre isso e Jesus alguém se há de salvar. Do mal ou da cura.
A empregada franzina alerta e insiste com uma cliente amiga na prova do prato goês:
- A tua vida vai mudar depois de provares. Há um antes e um depois.
Levanto o sobrolho e sinto que são palavras certas.
Depois disto é o fim da linha. Os turistas despontam timidamente das calçadas. Acéticos.
Nunca Lisboa.
Rua abaixo vou dar às Portas de Santo Antão. Vazias.
Entediados na porta dos restaurantes empregados de olho no telemóvel. Já não me chamam para as mesas, julgarão que Jesus replicou o pão e o vinho na minha barriga.
Coliseu às escuras.
O Politeama trancado e promete que espera por mim.
Dez da noite duma quente noite de Setembro.
A barra do balcão mais concorrido quase vazia.
Aqui jaz muito croquete de chorar por mais.
Tão felizes que nós éramos.
Tanto silêncio que até faz ruído.
Espera...ouvi palmas!...Só podia, da Casa do Alentejo. Reparo que ainda tem luzes no último andar.
Onde há um alentejano há caminho!
Ginjinha fechada.
Passo pelo Rossio, mas já ninguém passa por mim.
Bem mas mesmo que não fique tudo bem, como se alguma vez tivesse estado...
As coisas começam e acabam com a história do Era uma vez, e ainda dizem que Jesus é Goês.
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