Tinha dias soalheiros em que eu descia a calçada de pedra e ia ter a um quintal mágico, onde os momentos falavam por si, petrificaram e as árvores eram mulheres.
Entre os veios do mármore, no meio do pó da pedra vivia um homem, todo esbranquiçado.
Acenava-lhe com gestos ver se me via, sempre temendo em interromper o nascimento das coisas belas que lhe saíam das mãos.
Mostrava satisfeito o seu museu ao ar livre. As peças inacabadas, as encomendas.
Era a miúda aprendiz a tentar reter tudo.
O Mestre também desenhava lindamente. Tudo começa no traço.
De olhar vivo, sorriso aberto em piada mordaz.
Um dia chamou-me Barruel, devido à minha fisionomia dizia.
Numa dessas tardes, o convite para posar e teria sido uma das meninas. Mas não.
Tem certas loucuras que só na maturidade se fazem.
E certos convites que não se devem recusar.
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