quinta-feira, 27 de abril de 2023
terça-feira, 25 de abril de 2023
Vi um Cd com um sofá, pareceu-me conhecido…mas 25 anos depois não identifiquei.
Só nos primeiros acordes,….The Cranberries. E de imediato tudo voltou.
Évora, a Universidade, o meu Opel corsa preto de estofos fogo, que era um todo o terreno… que sabia de cor o caminho de casa, e das Tuborgs e das amarguinhas e da Belica, e da Sofia, e da Rita Madeirense, que estavam sempre por perto. E éramos bravas, e os caminhos estavam todos abertos. E O CHEIRO A CAMPO. E eu tinha novamente 18 anos, encalorados, de 501 rasgadas, e dava biqueiradas com as caneleiras a quem se metesse no caminho. E as noites pegavam com o dia.
O poder da música que nos remete a memórias que já não nos abordam levemente, mas que estão guardadas e que ao abrir são um portal para o passado.
Hoje já sem Dolores, mas Zombies.
Felizes os que viveram. Não há passos perdidos.
sábado, 22 de abril de 2023
É indiFisico-quiferente, mas não assim tanto
A minha professora de físico-quimica ocupa uma mesa para um num canto à minha frente.
Nem me atrevo a dizer-lhe que já nos cruzámos por várias vezes depois de Évora,
seja na rua da cidade grande, ou ao espelho do ginásio, nos reflexos dos corpos balofos, também eu já menopausica e nua.
Hoje, aqui estamos no restaurante do bairro.
Num acaso de números primos.
Aos Sábados cumpro, só verdes e peixe do mar.
A minha antiga professora olha-me nos olhos, mas só me reconhece na nossa simétrica solidão.
No meio, demasiadas riscas verde alface e quadrados desusados, quando bastaria uma t-shirt preta e um todo terreno.
Da MESA DO LADO, entra nO MEU Ouvido:
- Eu não sou burra!
- Eu não me prostitui!
- 6 anos da minha vida nisto!
Aceno certeira e folgo q.b. perante tamanho desabafo.
Ele não reage.
é um caminho de pedras querida professora.
Não havendo farófias, é só café.
quarta-feira, 19 de abril de 2023
sábado, 15 de abril de 2023
quinta-feira, 13 de abril de 2023
"Se me va de los dedos la caricia sin causa,
se me va de los dedos... En el viento, al pasar,
la caricia que vaga sin destino ni objeto,
la caricia perdida ¿quién la recogerá?
Pude amar esta noche con piedad infinita,
pude amar al primero que acertara a llegar.
Nadie llega. Están solos los floridos senderos.
La caricia perdida, rodará... rodará...
Si en los ojos te besan esta noche, viajero,
si estremece las ramas un dulce suspirar,
si te oprime los dedos una mano pequeña
que te toma y te deja, que te logra y se va.
Si no ves esa mano, ni esa boca que besa,
si es el aire quien teje la ilusión de besar,
oh, viajero, que tienes como el cielo los ojos,
en el viento fundida, ¿me reconocerás?"
"La caricia perdida".
Alfonsina Storni