Nas alturas mais complicadas da minha vida escrevo os melhores capítulos.

Não há passos perdidos.


sexta-feira, 6 de julho de 2012


EM FRENTE DO MAR



Pergunto a mim próprio em que noite nos perdemos?,

... que desencontro nos levou de um a outro lado das

nossas vidas? e que caminhos evitámos para que os nossos

passos se não voltassem a cruzar? Mas as perguntas que

te faço, hoje, já não têm resposta. Sento-me contigo,

nesta mesa da memória, e partilho o prato da solidão. Tu,

na cadeira vazia onde te imagino, sacodes o cabelo com

um aceno de ironia. E dou-te razão: as coisas podiam

ter sido de outro modo. Não te disse as palavras que

esperaste; e havia o mar, com as suas ondas, nessa tarde

em que me puxaste para longe da cidade, como se

a noite não nos obrigasse a voltar, quando o horizonte

se apagou a nossa frente. Depois disso, nenhuma

pergunta tem resposta. O que é absurdo há-de continuar

absurdo, como o horizonte não se voltou a abrir,

trazendo de volta os teus olhos que me pediam que

os olhasse, até que a noite me impedisse de o fazer.



Nuno Júdice

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