Nas alturas mais complicadas da minha vida escrevo os melhores capítulos.

Não há passos perdidos.


segunda-feira, 30 de março de 2015

 
Quando partias

Partias, voltavas e as tuas ausências eram folhas caídas
perdidas na vertigem do tempo que esquecia quando chegavas.
Sem os segundos somados as horas eram apenas números parados. 
Noites, dias, palavras, silêncios, nada existia, só o nosso eco rasgando
as sombras.
Chegavas vestido de saudade, o teu grito rompia a tarde, abafava a minha voz, o meu suspiro mais profundo.
Cantavas-me uma canção que falava do brilho dos meus olhos, que eram
como a água da nascente que corria pelo monte, límpida, transparente e caía sobre o musgo dos nossos passos.
Do meu sorriso dizias que era um cristal, ou quase igual, onde o sol se escondia envergonhado.
Segredavas-me que os meus cabelos, eram um campo verde, uma seara madura
que nesta tarde, a mais quente de todas as outras que não estiveste presente, dançavam nos braços do vento uma dança que gerava secura.
Nas minhas mãos vias as linhas do amor e da vida, que não tinham fim e no meu corpo, descobrias um rio que te levava para o mar onde ansiavas mergulhar.
Quando partias, pensava que voltavas, mas não sabia se me encontravas.
 
FCL

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