domingo, 30 de agosto de 2020
quinta-feira, 27 de agosto de 2020
eu sim e tu não?
merda de margens, fronteiras, limites,
falta-me o ar,
e as possibilidades,
sou ilimitada,
iberno.
terça-feira, 25 de agosto de 2020
domingo, 23 de agosto de 2020
segunda-feira, 10 de agosto de 2020
houve tempos em que a saída
de um corpo para o mar
era o único lugar possível
até ao dia em que os olhos
– azuis, de um azul impossível
foram salvos do sequestro da exposição
por uma criança genuína
e ainda trago uma mão no teu rosto
e outra na vida
que corre para fora de mim
é uma questão de parto
crescemos por onde a água
ganha o seu caminho
por isso a minha vida foi sempre a escavar
por isso abri os melhores sulcos na terra e no rosto
e esperei o tempo de um corpo inteiro, esperei
como a criança recebe a vida toda por um segundo
no teu joelho
e como ela abri os braços e a claridade da minha sede
foi a água que escasseou
nas minhas mãos
Sammuel C. Dayton
- diários de um corpo menor
domingo, 9 de agosto de 2020
quarta-feira, 5 de agosto de 2020
Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... Isto é carência!
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... Isto é saudade!
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes para realinhar os pensamentos... Isto é equilíbrio!
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente... Isto é um princípio da natureza!
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... Isto e circunstância!
Solidão é muito mais do que isto...
SOLIDÃO é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.
Francisco Buarque de Holanda (Poeta, compositor e cantor)
terça-feira, 4 de agosto de 2020
"A vida diluí-nos o corpo e a memória, afoga-nos os sonhos, encaixa-nos na rotina, embrulha-nos as mãos, segura-nos os pés, finge que nos ama, finge que não é preciso lutar. Aprendi com o meu avô que ser feliz não é um direito, é uma obrigação. É preciso fazer tudo para ser feliz. Mas fazer o quê? Respirar. Marcar a hora de acordar no despertador. Deixar o coração bater. Pôr peixe a descongelar para o jantar. Regar as flores dos vasos. Levar o cão à rua. Passar uma camisa. Queimar um pau de incenso. Abrir uma janela. Espanar um tapete. Cortar o cabelo. Comer uma romã. Fazer o quê?"
In A Solidão dos Inconstantes - Raquel Serejo Martins