houve tempos em que a saída
de um corpo para o mar
era o único lugar possível
até ao dia em que os olhos
– azuis, de um azul impossível
foram salvos do sequestro da exposição
por uma criança genuína
e ainda trago uma mão no teu rosto
e outra na vida
que corre para fora de mim
é uma questão de parto
crescemos por onde a água
ganha o seu caminho
por isso a minha vida foi sempre a escavar
por isso abri os melhores sulcos na terra e no rosto
e esperei o tempo de um corpo inteiro, esperei
como a criança recebe a vida toda por um segundo
no teu joelho
e como ela abri os braços e a claridade da minha sede
foi a água que escasseou
nas minhas mãos
Sammuel C. Dayton
- diários de um corpo menor
segunda-feira, 10 de agosto de 2020
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
não conhecia, gosto tanto da imagem da saída de um corpo para o mar
ResponderEliminardá-se-me uma vontade danada de desaguar