quarta-feira, 26 de maio de 2021
terça-feira, 25 de maio de 2021
quinta-feira, 13 de maio de 2021
...y la gente que ocupaba ese lugar
"Cuando uno extraña un lugar, lo que realmente extraña es la época que corresponde a ese lugar; no se extrañan los sitios, sino los tiempos".
quarta-feira, 12 de maio de 2021
domingo, 9 de maio de 2021
sábado, 8 de maio de 2021
sexta-feira, 7 de maio de 2021
terça-feira, 4 de maio de 2021
domingo, 2 de maio de 2021
No sorriso louco das mães batem as leves
caras loucas batem e batem
os dedos amarelos das candeias.
Que balouçam. Que são puras.
Gotas e candeias puras. E as mães
aproximam-se soprando os dedos frios.
Seu corpo move-se
pelo meio dos ossos filiais, pelos tendões
e órgãos mergulhados,
e as calmas mães intrínsecas sentam-se
nas cabeças filiais.
Sentam-se, e estão ali num silêncio demorado e apressado
vendo tudo,
e queimando as imagens, alimentando as imagens
enquanto o amor é cada vez mais forte.
E bate-lhes nas caras, o amor leve.
O amor feroz.
E as mães são cada vez mais belas.
Pensam os filhos que elas levitam.
Flores violentas batem nas suas pálpebras.
Elas respiram ao alto e em baixo. São
silenciosas.
E a sua cara está no meio das gotas particulares
da chuva,
em volta das candeias. No contínuo
escorrer dos filhos.
As mães são as mais altas coisas
que os filhos criam, porque se colocam
na combustão dos filhos, porque
os filhos estão como invasores dentes-de-leão
no terreno das mães.
E as mães são poços de petróleo nas palavras dos filhos,
e atiram-se, através deles, como jactos
para fora da terra.
E os filhos mergulham em escafandros no interior
de muitas águas,
e trazem as mães como polvos embrulhados nas mãos
e na agudeza de toda a sua vida.
E o filho senta-se com a sua mãe à cabeceira da mesa,
e através dele a mãe mexe aqui e ali,
nas chávenas e nos garfos.
E através da mãe o filho pensa
que nenhuma morte é possível e as águas
estão ligadas entre si
por meio da mão dele que toca a cara louca
da mãe que toca a mão pressentida do filho.
E por dentro do amor, até somente ser possível
amar tudo,
e ser possível tudo ser reencontrado por dentro do amor.
Herberto Helder
sábado, 1 de maio de 2021
Céu azul com poucas abertas, Maio a abrir,
numa Lisboa onde por vezes oiço ao longe o relógio da torre das cegonhas.
Fui ao mercadinho dos verdes, olhei os cabazes cheios de toda a variedade do Reino Fungi,
recordei o tempo das tachadas de cogumelos selvagens que eu devorava quando ainda haviam poucos carros,
do arroz com tubras da avó Alice,
era sempre Primavera,
escapava do recreio da escola, para os braços enormes do meu avô Luís, que fazia chover guloseimas nos bolsos,
dias em que a claridade da cal das paredes encadeava, o azul era limpo,
e o Sol não tinha vergonha.
No bater do bico das cegonhas parava à escuta,
mas nem os joelhos esfolados me faziam pousar.
Ainda tenra percebi que a condução de um veículo e o saber cozinhar são a garantia do sorriso em crescente numa criança-mulher.