Nas alturas mais complicadas da minha vida escrevo os melhores capítulos.

Não há passos perdidos.


sexta-feira, 7 de maio de 2021

O Passeio de Lisboa

Subo a Rua do Carmo, oiço Fado e o burburinho da rua…
este é o passeio dos tristes e dos alegres!
No Chiado, Lisboa desabrochou e viveu os seus melhores anos de tertúlias e agitação, na década de 90 foi renovado por Siza Vieira, reinventou-se e está vivo, mas permanece a atmosfera de Sec. XIX.
Hoje já não há castanhas, vieram morangos, e a vendedora apregoa : - Frescos e Bons!!
Olho a montra da Luvaria Ulisses que desde 1925 expõe luvas perfeitas para qualquer mão, num espaço demasiado pequeno.
Espreito a feira dos alfarrabistas, as lojas de montras chiques, e menos chiques, vejo os artistas de rua num rodopio, o café-concerto,…
Entro na Vida Portuguesa, como quem entra na memória de qualquer português, e eu menina.
Almoço ao lado, no menos nacional café da zona, que por ser estrangeiro não tem receio de se mostrar, e deixa entrar toda a luz de Lisboa, pelas rasgadas janelas.
Converso com a D. Clementina que veio de Barcelos atrás do seu homem e ficou de vez, agora gasta as horas a ver quem passa e mete conversa com todos a contar as suas desgraças.
prossigo o passeio…
Entre as travessas revejo Pessoa, respiro Teatros, escuto Óperas, ao longe o rio e cada esquina cheira a Saudade.
Aqui, onde o elegante, o moderno e o antigo se encontram e se misturam.
Vou à Merendinha, do Sr. Artur Costa, que queixoso do negócio vende a 0.90€ a melhor limonada de Lisboa, desde 1936 na Rua Nova do Almada numa tasca bem velhinha.
Volto a subir para me sentar nas escadinhas da Igreja, alunos desenham eu observo quem passa.
As esplanadas estão cheias, com as meninas da moda, turistas e a vaga de homens demasiado perfeitos.
Soam acordes de guitarra, misturados com cânticos árabes de um pedinte marroquino.
Por cima de nós andorinhas voam de telhado em telhado, em baixo outro corrupio de pessoas a entrar e a sair de cabeleireiros, livrarias, cafés ou ateliers.
Chega mais um artista de rua, tem o cabelo grande e branco, na cabeça uma máscara de pássaro, toca vários instrumentos artesanais que emitem os sons da natureza, o ritmo é contagiante, é o Claudio Montuori, italiano e sem idade, vale todas as moedas que recebe, embora ele as peça para os pássaros.
Encontro um amigo que não via faz tempo, subimos ao Largo do Carmo para beber chá, nesse antigo palco de revoluções, continua um largo animado.
Volto a descer a colina, comprar café de saco na Casa Pereira, que cheira a café recém moído.
Tento a sorte, na casa da esquina em frente, e apanho mas é o 28.
O Chiado é esta Lisboa que vivemos, só precisamos de alma grande e bons sapatos!
RG 2011
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