Um dia ofereci-me de presente de Natal uns phones.
Tenho a mania desse isolamento que os phones permitem. Mergulho no som.
Mas gosto deles grandes e almofadados. A minha cabeça perde facilmente esses brincos postiços.
Não tendo posses para os que queria, comecei a pesquisar e descubro o mesmo modelo a um preço bem mais barato.
Encomendei e nem os abri, já poucas surpresas temos na noite de Natal.
A minha filha mais velha viu logo pela minha cara que aquilo devia ser imitação barata dos bons.
No meu aniversário ofereceu-me uns iguais mas os originais.
Como sou um ser confuso, rapidamente misturei tudo e deixei de perceber quais eram os verdadeiros.
Muito gosto de baralhar.
Na dúvida não deitei fora nenhuns. Uso os dois, servem-me com igual qualidade.
Hoje, passado uns anos, reparo que uns estão a descascar a pele.
Nada me leva a crer que sejam os bons ou a falsificação.
Continuamos na mesma,
quantas vezes a cópia supera a obra.
E qualquer obra, única e imperfeita.