Nas alturas mais complicadas da minha vida escrevo os melhores capítulos.

Não há passos perdidos.


domingo, 19 de janeiro de 2025

 EM PAZ

Perto do meu ocaso, eu te bendigo, ó Vida, porque nunca me destes esperança falida nem trabalhos injustos, nem pena imerecida. Porque vejo no fim de meu rude caminho que fui eu o arquiteto de meu próprio destino; que se os méis ou o fel eu extraí das cousas foi que nelas pus mel ou biles amargosas: quando plantei roseiras, não colhi senão rosas. Às minhas louçanias vai suceder o inverno; mas tu não me disseste que maio fosse eterno! Julguei sem fim as longas noites de minhas penas; mas não me prometeste noites boas apenas, e, afinal, tive algumas santamente serenas… Amei e fui amado, o sol beijou-me a face. Vida, nada me deves! Vida, estamos em paz!
AMADO NERVO

1 comentário:

  1. «Agora respiro. Há que o fazer de quando-em-vez. Olhar para as coisas belas, evitando ser sorvido para um buraco escuro, um poço infinito sem regresso, só assim percebendo o feio e escuro. E… há, se quisermos, tanta beleza neste mundo. Tanta harmonia, tanto lugar perfeito, tanto arco-íris, não só aquele que vislumbramos de vez em quando no horizonte. Os jardins encantados, hoje. Não apenas jardins mas pomares inteiros. Onde pétalas de lantanas lançam olhares rosados, vermelhos, amarelados — nem só de acidez e cicuta se faz o mundo onde vivemos. Onde perfumes intensos a flores de laranjeira e outras cítricas nos envolvem pelo aroma fresco, agradável, matinal… «não há mau cheiro que lhes resista!» Destronando os sabores amargos do dia-a-dia, deixando tapetes floridos que nos transportam para outras realidades, mundos diferentes.» [autor (des)conhecido] A beleza faz-se da partilha do que é belo. O destino é o que escrevemos!

    ResponderEliminar