terça-feira, 28 de julho de 2020
terça-feira, 21 de julho de 2020
domingo, 19 de julho de 2020
Sim, é preciso coragem
Hoje resolvi abrir uma cápsula do tempo.
Faz 20 anos que a tinha fechado.
É é incrível como éramos com vinte anos menos.
As fotografias é que são um murro no estomago.
Os Slides como prova para complemento da história.
Voltar a ver-me, de cabelo à rapaz, leve e feliz.
Os guias de viagens,
o mundo era aberto e a vida pela frente.
Restos de frascos de perfume, que não me perturbaram.
Postais, ainda se escreviam tantas cartas,
isqueiros, fósforos,
os convites do baile de gala.
Bilhetes cheios de lágrimas e risos.
Livros brancos escritos de poesia,
conchas do mar e búzios,
restos de rosas...
quebradas, como se quebrou a inocência,
que é o que mais me custa ter perdido.
Tudo era intenso e infinito como só se pode ser nessa idade.
Suspirei fundo,
recordo que em criança perguntava à minha avó porque suspirava ela tanto,
- a vida é uma ilusão dizia-me.
Já percebi.
Voltei a selar a caixa,
mas desta vez libertei dois livros que lá tinha encerrado,
o Amor - Marguerite Duras e Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada, Pablo Neruda.
pode ser que daqui a outros vinte anos eu os saiba de cor e tenha aprendido alguma lição.
Faz 20 anos que a tinha fechado.
É é incrível como éramos com vinte anos menos.
As fotografias é que são um murro no estomago.
Os Slides como prova para complemento da história.
Voltar a ver-me, de cabelo à rapaz, leve e feliz.
Os guias de viagens,
o mundo era aberto e a vida pela frente.
Restos de frascos de perfume, que não me perturbaram.
Postais, ainda se escreviam tantas cartas,
isqueiros, fósforos,
os convites do baile de gala.
Bilhetes cheios de lágrimas e risos.
Livros brancos escritos de poesia,
conchas do mar e búzios,
restos de rosas...
quebradas, como se quebrou a inocência,
que é o que mais me custa ter perdido.
Tudo era intenso e infinito como só se pode ser nessa idade.
Suspirei fundo,
recordo que em criança perguntava à minha avó porque suspirava ela tanto,
- a vida é uma ilusão dizia-me.
Já percebi.
Voltei a selar a caixa,
mas desta vez libertei dois livros que lá tinha encerrado,
o Amor - Marguerite Duras e Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada, Pablo Neruda.
pode ser que daqui a outros vinte anos eu os saiba de cor e tenha aprendido alguma lição.
Dois amantes ditosos fazem um único pão,
uma única gota de luar sobre a erva,
ao andar deixam duas sombras que se reúnem,
deixam um único sol vazio numa cama.
De toda as verdades escolheram o dia:
não se ataram com fios mas com um aroma,
e não despedaçam a paz nem as palavras.
A ventura é uma torre transparente.
O ar, o vinho vão com os dois amantes,
a noite oferece-lhes suas pétalas ditosas,
a todos os cravos têm eles direito.
Dois amantes ditosos não têm fim nem morte,
enquanto vivem, nascem e morrem muitas vezes,
têm a eternidade que é da natureza.
Pablo Neruda
The Taste Of Índia
Já passam das dez da noite, num julho covidico e eu e os meus apetites de última hora.
Sabores indianos.
Saio sem demoras e esperanças.
Vale que tenho um restaurante indiano em frente de casa.
Vale que ainda não fechou.
Vale que tem uma mesa cá fora à minha espera.
Vale que tem comida indiana caseira,
Vale que tenho o estômago rijo para o que der e vier.
Vale que aguento o picante, do indiano que me serve e do que tenho no prato.
Sabores indianos.
Saio sem demoras e esperanças.
Vale que tenho um restaurante indiano em frente de casa.
Vale que ainda não fechou.
Vale que tem uma mesa cá fora à minha espera.
Vale que tem comida indiana caseira,
Vale que tenho o estômago rijo para o que der e vier.
Vale que aguento o picante, do indiano que me serve e do que tenho no prato.
sábado, 18 de julho de 2020
O carrocel desbotado
Não! começo pelo não, esta palavra poderosa, tal como o Sim!
Mas mais, se for sentida como nenhum sim.
Poupa tempo e gastos desnecessários de energia.
O "Não" é o novo Black para todas as horas.
O "Não" é o novo Black para todas as horas.
Dito por nós e ouvido por nós em todas as esquinas.
Ficamos à porta.
Já não se entra em parte alguma ou em ninguém.
Mesmo a custo para quem cresceu livre no Verão Azul.
Somos crianças feitas para grandes férias, como dizia o Ruy Belo.
E de repente, num dia normal como noutro qualquer da nossa vidinha, ouvimos a noticia remota de que mais um virús. E vem mais outro e outros mais virão a caminho.
Não fosse isto um penico, o problema seria só deles.
Mas além disto ser um penico, é um penico que anda à roda.
Ainda acredito que,
CADA FIM É UM INÍCIO.
Apenas andávamos distraidos, e quando andamos distraidos é que elas acontecem.
Salto coletivo para o desconhecido, mas o que é que é conhecido?
Se o que era já não é.
Mesmo a custo para quem cresceu livre no Verão Azul.
Somos crianças feitas para grandes férias, como dizia o Ruy Belo.
E de repente, num dia normal como noutro qualquer da nossa vidinha, ouvimos a noticia remota de que mais um virús. E vem mais outro e outros mais virão a caminho.
Não fosse isto um penico, o problema seria só deles.
Mas além disto ser um penico, é um penico que anda à roda.
Ainda acredito que,
CADA FIM É UM INÍCIO.
Apenas andávamos distraidos, e quando andamos distraidos é que elas acontecem.
Salto coletivo para o desconhecido, mas o que é que é conhecido?
Se o que era já não é.
De repente tudo adquire um significado diferente. As crises pessoais ou gerais servirão para nos nivelar.
O valor de uma coisa apenas é proporcional à nossa energia gasta nesse despêndio de concretização.
O valor de uma coisa apenas é proporcional à nossa energia gasta nesse despêndio de concretização.
Instável. Por isso tudo será sobrevalorizado.
Mas o que se pode construir em baralhos de cartas?
EU QUE NEM SEI JOGAR!
Tenho as mãos pequenas e vazias.
EU QUE NEM SEI JOGAR!
Tenho as mãos pequenas e vazias.
Aprendo de letra a "Construção" do Chico Buarque.
Quero mergulhar em silêncio, e vir ao de cima desfocada e miúpe como sempre e não encontrar a toalha. Que deveria estar cheia de areia e rodeada de gente.
Mas regresso do mar e vejo o vazio nos olhos alheios. Tateio nestes passeios desconhecidos.
O absurdo. As enchentes que restam da onda de adolescentes a quebrar as proibições.
AS OBRIGAÇÕES da máscara a cada segundo.
Não fico em casa pela minha saúde.
Ainda preciso muito de ar fresco.
De solidão também se morre.
Não quero metros a medir carinhos.
A minha régua nunca foi a uso.
Os nossos T2 na cidade não possuem jardins à beira mar plantados.
E não há para onde fugir. Não se trata de fronteiras.
Mas as BARREIRAS.
Como e quando é possivel um sim?
E a coragem de O viver, que ainda que não me falte, terei de O sentir por inteiro.
Como e quando é possivel um sim?
E a coragem de O viver, que ainda que não me falte, terei de O sentir por inteiro.
E estamos todos aos cacos partidos.
4h da tarde de um fim de semana irrespirável, nem os carros circulam.
Apenas os cavalos e os Cow-boys no deserto do Oeste Americano continuam, que numa América ainda há muitas, e os terrenos e os dias por lá são grandes se estivermos sem sede e com sorte fora da mira dos olhos abutres ávidos de restos e de sangue.
4h da tarde de um fim de semana irrespirável, nem os carros circulam.
Apenas os cavalos e os Cow-boys no deserto do Oeste Americano continuam, que numa América ainda há muitas, e os terrenos e os dias por lá são grandes se estivermos sem sede e com sorte fora da mira dos olhos abutres ávidos de restos e de sangue.
Fazer de um dia um acto de coragem,
Ir ao café do bairro,
Ao mercadinho,
Falar com os vizinhos,
Comprar pão e vinho,
O cinema que não pode mais esperar,
Voltar à solidão de carregar o congelador,
O Verão em estilo closet,
Sunset pelo canudo, mas que se lixe!
eu preciso de esplanadar!
São as novas rotinas,
Num sábado, como outro qualquer de 2020! Nunca tão 2 e 2 foram 4!
E eu, que até sou mais de letras que de números!
Ir ao café do bairro,
Ao mercadinho,
Falar com os vizinhos,
Comprar pão e vinho,
O cinema que não pode mais esperar,
Voltar à solidão de carregar o congelador,
O Verão em estilo closet,
Sunset pelo canudo, mas que se lixe!
eu preciso de esplanadar!
São as novas rotinas,
Num sábado, como outro qualquer de 2020! Nunca tão 2 e 2 foram 4!
E eu, que até sou mais de letras que de números!
Notas de rodapé, numa sexta de um Julho quente, mas não tão quente como deveria.
A propósito deste novo estado de actualidade,
a dor de cotovelo deixou de ser indicativa da “dor” a que era referente. Nesta realidade pode indicar exactamente o oposto. Até chegar ao absurdo de pensar que “ainda nos resta o cotovelo!”
Desejo chegar ao fim do dia com os ditos doridos.
Os que eram de abraços e toques como eu pensarão o mesmo.
Os distantes, que se inibiam de fazer pontes físicas estarão nas nuvens.
Mas as histórias que caminham não se fazem de distantes, mas de calorosos presentes. Nenhum homem é uma Ilha.
Que não nos faltem e falhem então os cotovelos, que pouco contacto físico nos resta, entre sorrisos escondidos e olhos embaciados e desfocados à espreita.
Que o medo esteja apenas de visita, que não faça disto ninho ou bandeira.
Deixaremos?
Eu não
segunda-feira, 13 de julho de 2020
domingo, 12 de julho de 2020
sábado, 11 de julho de 2020
"Envelheço com a nómada solidão das aves."
Al Berto
É frequente acontecer-me, com uma nitidez tal que confunde e mistura o passado num presente.
De repente não estou aqui mas em Barrancos. Num momento de registo casual, tinha chegado de ir buscar água fresca à Fonte da Pipa, que era a melhor água do mundo, enchia o piporro do avô Mendes, que lavava as garrafas de vidro para as voltar a encher, umas de água outras de vinho. Comi pão com queijo fresco e sal. Fui à rua, ouvi-me a gritar Ehhh...Tia Ângela!!, era a vizinha dos meus avós da casa da frente. A manhã que tinha sido fria adivinhava a tarde ardente. Era aquela hora antes do almoço onde ainda se podia andar na vizinhança. O barulho das andorinhas na rua. E tanta claridade. Teria 12 ou 13 anos. De vestido rodado, infantilizado e saltitante. Pálida e magrinha como só era eu. A risca feita ao meio da cabeça, os ganchos grandes de cada lado firmavam a teimosia dos arrepios num cabelo mal cortado, castanho, fino e escorregadio. Usava óculos de massa maiores que a cara fina. E uns enormes olhos claros e absorventes, que guardaram tudo. De tal forma que ainda hoje sinto o longo corredor escuro, fresco e o cheiro do encerado, vejo a luz ao fundo, oiço as gargalhadas da Tia Ângela, que se sentava com os braços roliços cruzados sobre o farto peito a contar histórias que eu gostava de ouvir. Vejo os sinais grandes que tinha na cara. Os óculos pequenos, finos de haste preta só em cima. Os contrastes. E aí percebi o conforto duma Alma alegre num corpo satisfeito. Deve ser por isso que não parei de engordar.
Ah sim... já sei o que fui lá fazer, aguardava o Sr. Constantino que estava para chegar do talho. Traria as costeletinhas de borrego, partidas fininhas como só ele, que eu levaria para a Avó Pura cozinhar. Não tornei a provar. O Amor de avó não se replica.
sexta-feira, 10 de julho de 2020
quinta-feira, 9 de julho de 2020
quarta-feira, 8 de julho de 2020
quarta-feira, 1 de julho de 2020
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