Nas alturas mais complicadas da minha vida escrevo os melhores capítulos.

Não há passos perdidos.


domingo, 19 de julho de 2020

Sim, é preciso coragem



Hoje resolvi abrir uma cápsula do tempo.
Faz 20 anos que a tinha fechado.
É é incrível como éramos com vinte anos menos.
As fotografias é que são um murro no estomago.
Os Slides como prova para complemento da história.
Voltar a ver-me, de cabelo à rapaz, leve e feliz.
Os guias de viagens,
o mundo era aberto e a vida pela frente.
Restos de frascos de perfume, que não me perturbaram.
Postais, ainda se escreviam tantas cartas,
isqueiros, fósforos,
os convites do baile de gala.
Bilhetes cheios de lágrimas e risos.
Livros brancos escritos de poesia,
conchas do mar e búzios,
restos de rosas...
quebradas, como se quebrou a inocência,
que é o que mais me custa ter perdido.
Tudo era intenso e infinito como só se pode ser nessa idade.
Suspirei fundo,
recordo que em criança perguntava à minha avó porque suspirava ela tanto,
- a vida é uma ilusão dizia-me.
Já percebi.
Voltei a selar a caixa,
mas desta vez libertei dois livros que lá tinha encerrado,
o Amor - Marguerite Duras e Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada, Pablo Neruda.
pode ser que daqui a outros vinte anos eu os saiba de cor e tenha aprendido alguma lição.



1 comentário:

  1. As caixas que o tempo não muda,
    Os livros pelos que o tempo não passa,
    As coisas que permanecem, e que ficam, que são intemporais, de um momento que é, singular, sem passado nem futuro, e sempre de verdade.

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