Nas alturas mais complicadas da minha vida escrevo os melhores capítulos.

Não há passos perdidos.


sábado, 18 de julho de 2020

O carrocel desbotado

Não! começo pelo não, esta palavra poderosa, tal como o Sim! 
Mas mais, se for sentida como nenhum sim.
Poupa tempo e gastos desnecessários de energia.
O "Não" é o novo Black para todas as horas.
Dito por nós e ouvido por nós em todas as esquinas.
Ficamos à porta.
Já não se entra em parte alguma ou em ninguém.
Mesmo a custo para quem cresceu livre no Verão Azul.
Somos crianças feitas para grandes férias, como dizia o Ruy Belo.
E de repente, num dia normal como noutro qualquer da nossa vidinha, ouvimos a noticia remota de que mais um virús. E vem mais outro e outros mais virão a caminho.
Não fosse isto um penico, o problema seria só deles.
Mas além disto ser um penico, é um penico que anda à roda.
Ainda acredito que,
CADA FIM É UM INÍCIO.
Apenas andávamos distraidos, e quando andamos distraidos é que elas acontecem.
Salto coletivo para o desconhecido, mas o que é que é conhecido?
Se o que era já não é.
De repente tudo adquire um significado diferente. As crises pessoais ou gerais servirão para nos nivelar.
O valor de uma coisa apenas é proporcional à nossa energia gasta nesse despêndio de concretização.
Instável. Por isso tudo será sobrevalorizado.
Mas o que se pode construir em baralhos de cartas?
EU QUE NEM SEI JOGAR!
Tenho as mãos pequenas e vazias.
Aprendo de letra a "Construção" do Chico Buarque. 
Quero mergulhar em silêncio, e vir ao de cima desfocada e miúpe como sempre e não encontrar a toalha. Que deveria estar cheia de areia e rodeada de gente.
Mas regresso do mar e vejo o vazio nos olhos alheios. Tateio nestes passeios desconhecidos.
O absurdo. As enchentes que restam da onda de adolescentes a quebrar as proibições.
AS OBRIGAÇÕES da máscara a cada segundo.
Não fico em casa pela minha saúde.
Ainda preciso muito de ar fresco.
De solidão também se morre. 
Não quero metros a medir carinhos.
A minha régua nunca foi a uso.
Os nossos T2 na cidade não possuem jardins à beira mar plantados.
E não há para onde fugir. Não se trata de fronteiras.
Mas as BARREIRAS.
Como e quando é possivel um sim?
E a coragem de O viver, que ainda que não me falte, terei de O sentir por inteiro.
E estamos todos aos cacos partidos.
4h da tarde de um fim de semana irrespirável, nem os carros circulam.
Apenas os cavalos e os Cow-boys no deserto do Oeste Americano continuam, que numa América ainda há muitas, e os terrenos e os dias por lá são grandes se estivermos sem sede e com sorte fora da mira dos olhos abutres ávidos de restos e de sangue.
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