«Não há-de voltar o verão em que ouvi
cair os ramos naquele bosque de fetos
e eucaliptos; nem o pássaro que por
um instante apagou o sol voltará a
cantar antes de se perder no horizonte.
... Mas voltarei a sentir o que o teu
corpo me fez sentir quando um vento
abstracto nos envolveu de luz, e
depois a sombra caiu, de novo,
com o calor seco daquela tarde.
Mudam-se os tempos, é verdade,
mas não mudamos quando o tempo
corre por entre nós com a sua lenta
música, e num abraço o perdemos
para que o tempo corra sem tempo.
Assim, os nós que o tempo desata
com os seus dedos são os nós que
nos prendem, e com os dedos do verão
os fazemos atar-nos mais ainda,
soltos nós que nesse nó nos solta a voz.»
cair os ramos naquele bosque de fetos
e eucaliptos; nem o pássaro que por
um instante apagou o sol voltará a
cantar antes de se perder no horizonte.
... Mas voltarei a sentir o que o teu
corpo me fez sentir quando um vento
abstracto nos envolveu de luz, e
depois a sombra caiu, de novo,
com o calor seco daquela tarde.
Mudam-se os tempos, é verdade,
mas não mudamos quando o tempo
corre por entre nós com a sua lenta
música, e num abraço o perdemos
para que o tempo corra sem tempo.
Assim, os nós que o tempo desata
com os seus dedos são os nós que
nos prendem, e com os dedos do verão
os fazemos atar-nos mais ainda,
soltos nós que nesse nó nos solta a voz.»
Nuno Júdice, Nós (in Fórmulas de uma luz inexplicável), Dom Quixote 2012
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