Nas alturas mais complicadas da minha vida escrevo os melhores capítulos.

Não há passos perdidos.


quarta-feira, 31 de março de 2021

Dias cheios de nada

Acordo temprano a cantar o Paquito Chocolatero numa Lisboa tão longe das Estevas. 

As mais próximas que vejo são as da Casa Ferreirinha pingadas de tinto.

Junto ao molho mais um ano sem feira de Abril, e a de Agosto quem sabe lá. 

Confino o que resta do alimento da memória.

Mesmo que não se viva mais nada, vivo do que já se viveu.

Sinto o desânimo nas ruas chapado na cara dos outros. 

Não quero que se pegue. Manguito à morte!

Tudo se arrasta num tempo parado, em espera de mais passos e de vida.

As montras forradas a papel pardo mostram falências do consumo perdido. 

Casas trancadas sem vizinhos à porta.

Cada um vive como pode os dramas do seu ano pessoal, os piores infernos são internos.

Incomoda e desarma o sorriso que levo nos olhos. 

Olhar sem tocar, é o mote.

Logo eu tão espanhola.

As minhas gargalhadas fazem eco.

Insisto em me manter à tona. 

Afinal, adoro boiar.

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