Tem dias que em pensamento acordo lá,
sobre aquele imenso céu do Alentejo, semelhante só em África.
Consigo ouvir os sons, os cães ao sol quase em bebedeira adormecida de parede a parede,
a linguagem aberta dos pássaros em alegre movimento e as mulheres na rua a chilrear também, como só ali.
As cegonhas batem o bico e ficam mimetizadas com a cal das casas.
Escuto até o meu pai no cante, Alentejo és nossa terra.
Acompanho, com o Vitorino que há em mim, apesar da voz perdida na mudança de idade como a do Joselito pan y vino.
Abro os olhos, pela persiana aterro o pensamento em Lisboa,
o relógio não acerta a hora, mas bate os segundos.
- Pilhas novas precisamos todos!
Sim, também falo sozinha.
Suspiro e respiro.
Tento uma fuga ao mar, mas fica por um canudo.
Adraga cortada, estaciono num Guincho que não me satisfaz.
Basicamente desejo é fazer klms,
Sentir a estrada fora.
Um sítio novo num raio possível.
Anda tudo à roda do penico.
Pela janela vejo um velhote atrevido num banco do jardim a cortar as fitas.
Senta-se.
Quero ver quem o detêm.
Com a idade perdemos todos os medos.
A música que vem do vizinho afinal é um hard metálica da pesada, eu que pedi um Jazz Bossa Nova.
Oh Senhores anda tudo desatento!
Até nos vizinhos se tem que investir, nunca foi tão importante como agora o que se encontra no metro quadrado de proximidade.
Mas nem tudo está perdido,
passou um avião a cruzar o céu.
Quem disse que os trevos eram só verdes?
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