Eu bem queria,
passar a ferro,
a roupa, os dias,
mas tenho o ferro pousado e a tábua encharcada da água derramada,
que molhou o chão de madeira despido de cera,
que ensopou as vestes da esfregona mais seca do que eu.
Eu bem queria,
um café pingado,
que esfriou na chávena,
onde poisou a mosca e naufragou.
Eu bem queria, o café com a bolacha maria,
ou as de manteiga mas nem sobraram areias, quanto mais as pratas.
Eu bem queria, o que resta dos cartões de visita a fazer um dia,
assim que abrir, digo, dizem,
mas sei que baterei às portas sem fugir,
e o meu olhar esquecido irá entender enfim
que as moradas já não serão as mesmas.
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