Nas alturas mais complicadas da minha vida escrevo os melhores capítulos.

Não há passos perdidos.


domingo, 21 de março de 2021

 Hoje Primavera,

fria e parada.
Os dias com cara de Domingo.
Eu que queria,
tento as horas, mas o relógio já não mede as de ponta.
As ruas desertas,
mais ruas do que Almas,
restam algumas na fila do pão,
mas a fome é velha,
até para os amantes que já não vagueiam de noite nem de dia de cama em cama.

Regresso apenas com um jornal de ontem. O pão de plástico não me convence. E o do relógio da torre das gaivotas fica longe.

Podemos atravessar em todas as cores do semáforo,
respeitar apenas os 2 metros entre cada um se for o caso,
mas nem os vizinhos
se aproximam.
Cumprimento que se perde, comprimento que se ganha.

Para enganar a solidão tenho livros, a percentagem certa de cacau, álcool de beber e os filmes em gaveta,
nesse entretanto esqueço.

Já fez sol e chuva,
em janela fechada conta o mesmo.

O amor doseado,
em teclas desinfetadas,
não vá a urgência
ser uma agravante.

Já ninguém me chama menina,
crescemos quando os filhos e os pais nos perguntam
- o que fazer?

21 de março de 2020 em repeat

Sem comentários:

Enviar um comentário