Uma pessoa bem tenta,...
hoje resolvi fazer o gosto à boca,
depois da noite passada às voltas com a memória do último frango à guia,
oferecido pelo meu colega da mesa do lado, que partilha comigo o "pague um venham dois",
para certas coisas tenho debilidade, eu que nem queria.
Entre a sopa diminuta e a salada do dia anterior não rejeito mais meio frango,
estava divinal,
salpicado de picante, tostado a preceito, no tamanho certo,
memorável.
De tal forma que ontem, depois da reunião de condomínio em que o tema central era o bloqueio da futura churrasqueira na loja do prédio,
que o fumo, que o cheiro, que o que há de ser,...
adormeço,
a minha mente em pesadelo salivava por nacos do dito frango do dia anterior.
Acordo pouco depois, de barriga carente, tento encomendar fora de horas, falta adivinhar o restaurante, donde vinha a perdição, num bairro pejado de sucedâneos.
Tento respirar fundo, pensar que é só um frango,
que estamos em pandemia.
Vejo o mapa,
e as possibilidades,
e que a Nova Lisboa não é Nova Iorque.
Penso que frango não teria vindo certamente do restaurante cujo nome é a alcunha posta por mim ao meu colega muito antes disto tudo.
No entanto, estudei estatística,
hipóteses aleatórias,
e a fantástica Lei de Murphy.
E hoje a meio da manhã,
perguntei-lhe por graça,
o nome do restaurante,...para poder ir mais tarde pecar e o crime compensar.
Sorri, quando o ouvi dizer o nome,
só podia ser esse, a alcunha que lhe tinha colado em cima desde que o vi.
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