Paciente, mas Santa nem tanto.
Não se consegue fazer nada agora sem perder um tempo infinito. Ir às compras, banco, correio, farmácia, atenta contra mim.
Falta espaço nas cidades para tanta régua.
Tudo a sair das gaiolas bafientas. Mas a medo.
Caminho de suspiro em riste. Irritada, com as luvas descartáveis que se rasgam nos fechos da carteira, do casaco, da mochila. Que implicam também com guarda-chuvas e os metros entre eles, que agora para ajudar chove o Abril.
- Menina, olhe a distância de segurança!
- De menina nada, deve estar a ver pior que eu! Segurança?...Também queria.
Já larguei os óculos, pitosga mas menos embaciada. Ver se consigo apanhar Sol quando destapa, que fique algum espaço de cara a descoberto. Que a praia, vamos ver Maria. Olho incrédula, afinando o foco da objetiva ocular,...os passeios cobertos de montinhos brancos. De neve nada, só pode ser Sal.
Mas se isto é uma rua,...não as salinas do Samouco.
A natureza, que nos mantém mesmo assim resiste, e insiste em rebentar em muros de forma espontânea que nós de seguida encharcamos de sal para secar. Sal que tempera vidas, e que em demasia a mata. Por isso a importância do q.b. (quanto baste).
Quanto baste para saber que sempre houve tanta morte no mundo, diária e sem tabelas. Fome num mundo que não saciará, mundo que nunca parou como agora. Fome de alimento para o corpo e para a Alma. De quantos Kg/s de Sal precisaremos ainda para o desperdiçar sem medida.
Morreremos da cornada de um grilo.
Nunca estivemos tão limpos.
- Segurança? disse eu.
Como se a palavra, primeira e última fosse nossa.
Maria, concebida sem pecado,...não nos deixei cair em tentação, rogai por nós.
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