Nas alturas mais complicadas da minha vida escrevo os melhores capítulos.

Não há passos perdidos.


sábado, 30 de maio de 2020

O quanto custa um Arroz de lingueirão

Quem me devolve o que se perdeu? 
Ainda não sei o que será melhor, se apagar ou lembrar.
Não foi só o Vírus, o papão que nos comeu e levou tudo.
Hoje o meu arroz de lingueirão nada tinha do último que me tinha ficado em memória.
E repetindo sítio. SEI que nada se repete, que nada fica igual, mas será que comeu também a cozinheira?
Um restaurante pode mudar tudo, a ementa, a decoração, os empregados, até a gerência. Nunca pode mexer na sua galinha dos ovos de oro. Assim não ganha repetentes que é o que se pretende.
Nesse caminho de retorno fui hoje ao engano. Na lembrança do meu último arroz lá comido. Tinha perdurado. E ISSO É TERRÍVEL. Tem um preço, que nem se contabiliza em moeda corrente. Mas na fasquia que se eleva na difícil arte de manter. 
Já nem falo sequer de querer os que comi na Fábrica, em Cacela, que mesmo com má memória recordo.
Mas os possíveis nesta Lisboa descampada.

Terminei a perguntar com o mau feitio que me assiste,
- O vírus papou também os coentros? A cebola? A pimenta? o alho? O louro? Os pimentos?
Dos companheiros de sempre que me lembro assim de repente. Aqui só vejo arroz de tomate com lingueirão atirado lá para dentro sem mais.

- A Sra. quer a conta?

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