Nas alturas mais complicadas da minha vida escrevo os melhores capítulos.

Não há passos perdidos.


quarta-feira, 20 de maio de 2020

Limpos dias claros

quanto mais caminhamos para fora, mais entramos para dentro,
o espaço interior que nos mantém.
falo de uma certa luz, que me acompanha ao longo da vida, que descobri na infância, por isso infinita, de contrastes, aberta, fresca da cal das paredes, quente em descampado.
Um sabor de possibilidades em descoberta na mente e na boca.
Ruído de andorinhas.

Escadas de xisto enceradas.
Labirinto de Mouros.
Travessas empedradas de esquinas pouco direitas, permitindo recantos de infinitos amores.
As vestes negras, sem adornos, das senhoras de meia idade como convém ao luto permanente dizem as saias consentidas.
Ao escurecer os colares, ao amanhecer os calores.
Os lenços na cabeça encobrindo os brancos e a proteção pedida. 
O que tapa o frio tapa o calor já me dizia o meu avô de samarra ao ombro inverno e verão.
O desgosto não se tapa com nada, mas é engolido como se pode em goles de grandes tragos.
Os receios que sobram, são restos enrolados em lenços de imaculado fino pano branco.
As dores caladas, partidas aos pedacinhos, para que não digam.
Vejo rugas na cara, caminhos por onde a água, o suor e as lágrimas escorrem.
o olhar de histórias, de quem as viveu.
Mas onde nem tudo é possível outra vez.
Dispersa em pensamento sou chamada à realidade, no tempo do fique em casa pela sua saúde.
Mas a minha saúde precisa é de Sol e Ar, de outra forma morro de vez.

Venha é figos doces e melão maduro que pode ser!

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