Nas alturas mais complicadas da minha vida escrevo os melhores capítulos.

Não há passos perdidos.


quinta-feira, 21 de maio de 2020

Desconfinada por natureza

Somos animais de hábitos.
Depois de se entranhar, permanecemos. Sem questionar.
Regresso à volta dos sítios do costume.
Hoje foi dia de visita ao grelhador do mar mais concorrido da minha rua, aproveito que agora ainda sem filas. Antes que comecem todos a sair eu já.
Mesas mais desinfetadas do que nunca, 
Agradáveis porque mais vazias. Finalmente espaço.
Sem sentir o cotovelo do vizinho em cima, a ouvir o que digo porque este meu tom, e à vontade cabe-me a barriga entre a cadeira e mesa. 
Os empregados mais atenciosos e simpáticos do que nunca vieram todos verificar se está tudo bem para garantir nova visita.
Atesto que já voltaram as sardinhas, salada de pimentos e afins.
Os saberes e os sabores ainda são os mesmos.
O que era mau, continua mau.
As batatas devolvidas sem apetecer. Nunca entenderei porque chegam sem pele, que dá trabalho, as enfarinha e tira o gosto. Nunca eu digo como gosto nem eles perguntam. Quando olho para elas brancas, farinhentas e aguadas é que me lembro. Mas fico de consciência leve, vão para trás repudiadas sem explicação e o corpo agradece. Será por isso que não as peço a rigor.
Valeu o vinho.
Quanto às sardinhas que teimo em inaugurar em Maio, digo sempre o mesmo:
- Deveria ter esperado por Junho, ainda precisam de crescer.
( Eu ou as Sardinhas?) O que vale é que em Junho tenho mais um ano!

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